SOBRE FINGIMENTOS, RESPONSABILIDADES E EDUCAÇÃO

Numa terra onde "O aluno finge que estuda e o professor finge que ensina!". E a Prefeitura? Inocente, não faz nada!

Professor Antidio Jonas Bispo Barros

A fervorosa discutição acerca da fala do candidato Luiz Amaral, durante o debate promovido pela APLB se dá, unicamente, pelo fato de serem os jargões instrumentos comunicativos que tendem a caminhar para a generalização irresponsável de idéias. Nossos políticos, tão afeitos a tal prática, e seus pares - correligionários ou opositores - devem ter em mente, antes de saírem por aí, vociferando suas "verdades", que nem tudo que pensarmos e dissermos, em nossas andanças por este mundo, aplicar-se-á a todos de forma irrestrita. Por exemplo, nem todo cidadão de Pelotas/RS é "viado", como sugeriu o "sábio" presidente da República, o outro Luis. Como também nem todo baiano sabe tocar berimbau, é preguiçoso ou gosta de ouvir Axé Music.
Confesso que me senti ofendido com a declaração do sr. Luis Amaral, pessoa que particularmente admiro e de cujo filho, Ernesto, sou amigo. Não que não haja certa verdade em sua afirmação, provavelmente plagiada de algum teórico educacional igualmente extremista. Conheço muitos “educadores” em nossa cidade que se encaixam perfeitamente na máxima proferida pelo candidato, o que é motivo de preocupação para mim e muitos outros profissionais, pelo fato de, por conta de pessoas que, sem responsabilidade alguma para, não com o juramento feito por ocasião de nossas formaturas, mas com as vidas que nos são confiadas, acabam por manchar a reputação de uma classe base e fundamental para o destino de toda e qualquer sociedade.
Creio que o sr. Luiz Amaral tem consciência da forma irresponsável como o atual prefeito, o sr. Reinaldo Moura Pinheiro, meu ex professor na universidade (a quem a carapuça da afirmação feita por aquele serve perfeitamente) vem gerindo a Educação de nosso Município, sem cumprir compromissos assumidos, apenas para citar um exemplo. Assim sendo, espero que o mesmo, se eleito, tenha a honradez de dar à nossa Educação novos rumos, estabelecendo critérios mais eficientes que a simples indicação política para a escolha daqueles que irão gerí-la, quer seja na SME ou nas Unidades Educativas.
Sempre afirmei que o desenvolvimento de uma cidade, um Estado ou de uma Nação trilha, sem se desviar, os caminhos da Educação de seu povo. Jequié não se desenvolverá de forma plena se seu povo não tiver acesso a uma Educação de qualidade - o que infelizmente não vem acontecendo amplamente. Temos apenas ações isoladas de sucesso educacional em nosso Município. A mudança, contudo, não dependerá apenas de quem for eleito no próximo dia 05/10, dependerá, isso sim, de cada um dos cidadãos jequieenses. Não pelo simples ato de escolha através do voto, mas pela fiscalização diária dos atos governamentais dos eleitos, pelas reivindicações (daí a importância dos movimentos de classe) e pela busca da Educação como forma de desenvolvimento pleno do ser humano. Pessoas humanisticamente educadas sabem fazer valer seus direitos e cumprem os compromissos que lhes competi, sem dependerem de apadrinhamentos, favores ou outros recursos indecorosos para conseguirem sobreviver dignamente na sociedade.
Como educador, faço minha parte, não para que seja construída uma sociedade igualitária (tal qual almejava o visionário e volátil Socialismo), mas para que os meus educandos possam ter as condições adequadas para um desenvolvimento pleno na sociedade, a partir de suas possibilidades e capacidades. Faça você mesmo com que a sua cidade seja um lugar melhor. Você pode não construir o seu mundo, mas pode, ao menos, remodelá-lo. Faça isso de forma positiva.

Jequié, 22 de setembro de 2008.