Alunos? Não, Guerreiros!!!

Hoje fiz, juntamente com o coordenador Rosivan Barra, uma visita ao povoado de Lagoa D'Antas. Nosso objetivo era produzir material audiovisual para o documentário que estamos a desenvolver acerca da realidade sócio ambiental das comunidades atendidas pelo G - AMA.

O que poderia ser um simples passeio de documentação foi para mim uma lição de vida. Às vezes nós, educadores, costumamos dizer que os alunos não estão interessados, não estão motivados, não se preocupam com o futuro, não valorizam a educação que aos mesmos dispomos... Mas como valorizar, como se dedicar a uma Educação nas condições a que são submetidos, todos os dias? Refiro-me, para citar apenas um exemplo, à forma como são transportados da segurança de suas casas até o ambiente escolar: amontoados... na carroceria de uma caminhonete... sentados uns nos colos dos outros... como mercadoria... sem segurança... como gado! Compartilhei do momento seguindo com eles no mesmo veículo (pendurado do lado de fora por não haver mais espaço). As reclamações dos alunos não foram poucas. Minhas reflexões também.

O transporte escolar não poderia ser melhor? Será que falta dinheiro? Faltaria, por ventura, a bendita da "vontade política"? Meu Deus, o que falta?

Confesso que estou perplexo com o descaso. É fácil falarmos que nossos jovens são "o futuro". Mas que futuro terão tratados desse jeito?

E nós, educadores, fechamos nossos olhos para essa realidade na maioria das vezes. Nos contentamos apenas com nossa ação dentro dos limites dos muros escolares e esquecemos que existe vida além deles. Vida que clama não apenas por conhecimento, mas por respeito, amizade, dignidade... e nós, mesquinhos, pensamos que nossa missão está completa quando nossos jovens apresentam um bom rendimento nas avaliações.

A Educação não se completa num conteúdo assimilado, nem no uso que se faz dele. Mas se amplia e frutifica quando permite a dignidade de um vida.

Sempre me considerei um forte. Mas hoje vi que muitos de nossos alunos são Heróis, verdadeiros Guerreiros da vida. Façamos, pois, o possível para dar-lhes armas para vencer. E não me refiro apenas ao conhecimento.

Parabéns aos meus Guerreiros que precisam matar um leão por dia para conseguirem o mínimo que lhes podemos oferecer.

A nós, educadores, cabe apenas valorizá-los acima de tudo.

Professor Jonas.